Como a criança percebe a chegada de um irmão?

A chegada de um irmão abala as estruturas das crianças. O mundo que elas conheciam muda, a rotina muda, os pais mudam, a atenção muda, até mesmo a importância que os outros dão a esta criança muda. Afinal, há pessoas que nem “enxergam” a criança maior, só tem olhos para o recém-nascido.

Isso quer dizer que ter um irmão é ruim? Lógico que não! Apenas precisamos compreender esta criança. Entender os comportamentos desafiadores, acolher suas angústias, medos, raiva, ciúmes, inveja. São sentimentos naturais neste processo de adaptação. E quanto mais acolhida esta criança se sentir, mais fácil o processo se tornará.

O que não quer dizer que será fácil, mas com apoio ela conseguirá superar as dificuldades de forma mais saudável.

Pode até surgir um sentimento de raiva em relação ao bebê. O que também é normal.

Isso não diz sobre a relação entre os irmãos, mas sim sobre o seu filho mais velho, é uma forma de protesto pelas perdas, pelas mudanças, pelo seu distanciamento. Distanciamento que é inevitável pelos cuidados que o recém-nascido demanda. Mas isso vai passar, é uma fase mais difícil mesmo.

O que você pode fazer para que seu filho se sinta melhor?

Acolhimento, colo, carinho, atenção, compreensão... não cobre que ele demonstre amor pelo irmão. O amor é um sentimento construído na relação entre os irmãos, não surge no nascimento e muito menos por meio de cobranças. Eu entendo sua preocupação, mas esta “rejeição” inicial do irmão mais velho pelo mais novo não quer dizer que eles não terão uma boa relação. O vínculo entre eles será construído com o convívio. Agora é dar tempo para que ele se adapte à nova vida e organização familiar.

Se for possível ter outras pessoas do convívio de seu filho para fazer atividades com ele, ajuda muito. Nunca substituirão a sua presença, mas ele se sentirá amado e importante com a atenção recebida, e isso acalma o coração.

Um abraço,

Cinara Invitti

Mãe, Psicóloga e Mestre em Psicologia